O PAI (da Carolina)
Capítulo II
O pai, o Francisco, toda a vida foi guiado pelas
ordens da sua mãe, a Ema. É um homem inseguro, mulherengo e um falhado, na
perspectiva de muitos que o conhecem. Está no terceiro casamento, com uma
mulher desequilibrada, que não pode abandonar por situações da vida, que agora
não interessam para esta história. O primeiro casamento foi uma imposição da
mãe, pois já tinham tudo marcado para o seu casamento com a Susana, quando
conheceu a Filipa. Casou apesar de tudo, mas abandonou o lar uma semana depois,
com a sorte de não ter deixado ali a sua semente, entenda-se, um filho.
Juntou-se com a Filipa, contra a vontade de Ema, que infernizou a vida da
jovem, que mal sabia onde se estava a meter…
O segundo casamento terminou e para trás deixou dois
filhos. Não que não gostasse deles, que não sentisse o amor fraterno, mas não
consegue desempenhar este papel. Talvez tenhamos que ir mais atrás a infância
deste pai, que um dia foi filho. Filho de uma mãe que o adora acima de tudo e
filho de um pai que se desconhece quem seja. Filho então de um outro pai que o
aperfilhou e que lhe deu tudo, mas que nunca conseguiu perdoar a mulher ou
aceitar os defeitos deste filho, que não era seu. Francisco cresceu no seio de
uma família controversa, em que o pai exige bastante dele mas em que a mãe o protege
e esconde os seus erros. Não cresceu, não aprendeu a responder pelos seus erros
nem a assumi-los e emendá-los com responsabilidade. É hoje um menino grande, de
35 anos.
As atitudes que toma são mais fortes do que ele,
algo que lhe é intrínseco, mesmo não gostando do que vê e do que é, nada
consegue fazer para o alterar. Nunca gostou de estudar e o trabalho também não
é para ele. Tem a “sorte” de ter uma mãe que o apoia 100% e que lhe vai dando
algum dinheiro quando está mais enrascado, mesmo que seja às escondidas do pai,
que sabe preferir a irmã, alguém mais perfeito que ele próprio.
Começou com o erro das mulheres, com as quais não
consegue evitar envolver-se, coisa que para si é muito fácil, como se lhe
saísse pelos poros, qual cavaleiro andante ou 007 galanteador. Elas vêm até
ele, e ele como verdadeiro macho que é não lhes consegue resistir. Depois as
dívidas! O homem até têm ideias e gosta de tomar a iniciativa com a ajuda do
financiamento dos pais. O problema é que se cansa facilmente e como já referi, trabalhar
não é o seu forte, consequentemente as dívidas vão-se acumulando, o que o
obriga a mudar frequentemente de casa, de trabalho, de cidade…
Está agora no terceiro casamento, do qual já tem mais
um filho. As coisas não correm da melhor forma, dado que esta mulher é muito
mais controladora. Dizem que à terceira é de vez e parece que assim será. Já
tentou separar-se, mas desta vez não vai ser fácil. Embora das vezes anteriores
tenham sido elas a deixá-lo, desta vez tenta o contrário, mas em vão. Esta é
persistente, e pior, esta é pior que ele. Agora é obrigado a trabalhar, porque
esta é uma mulher desequilibrada que também não gosta de trabalhar. Agora tem
de ser pai, porque esta mulher não sabe ser mãe, e o filho anda aos tombos sem
ninguém que olhe por ele. Já não vai para novo, já não está tão bonito e tem às
costas uma cruz que o fará penar.
Agora é perseguido pela bagagem do seu passado e
pelo peso do seu presente. Apresentou aos filhos, do casamento anterior, esta
mulher e o filho mais novo agora já com 3 anos, sem qualquer preparação prévia.
Em parte porque não sabia como o fazer, mas também porque foi uma decisão
repentina, mais uma vez provocada pela pressão da mãe, que não resiste a
meter-se na sua vida. Os últimos encontros entre a ex-família e a actual não
correram bem, mas o Francisco não é homem de encarar nada de frente, nem de dar
a cara por ninguém. Tem fechado os olhos ao que vê e tem tamponado os ouvidos
ao que ouve. Prefere ignorar, tal como uma criança que crê que ao fechar os
olhos os outros não a vêem.
E é esta a figura paternal de Carolina!
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